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A história da Black Friday

Atualmente , é muito provável que não exista uma pessoa com fácil acesso à internet, ou que tenha contato com grandes lojas, que não conheça a Black Friday. A sua fama, apesar de ser construída de longe e há vários anos, tem hoje um reconhecimento especial em todo solo brasileiro, sendo uma grande oportunidade, tanto para os varejistas quanto para os consumidores.

Como sabemos, o varejo é constituído por datas sazonais, que influenciam diretamente no planejamento de compras e vendas das grandes lojas, como o dia das mães, das crianças e o Natal. Basicamente, em alguns dias determinados do ano, as vendas crescem, normalmente influenciando os preços e as procuras em todo território, tanto nas vendas por e-commerce quanto presencialmente.

A Black Friday chegou para fazer parte deste calendário de datas sazonais. E podemos dizer que chegou bem: em apenas 10 anos, tornou-se a segunda data mais importante do comércio e do varejo brasileiro, ficando apenas atrás do Natal. Com isso, pudemos observar uma mudança considerável nos hábitos de consumo, assim como uma forte expectativa das empresas comerciais.

Onde tudo começou

A Black Friday tem origem nos Estados Unidos, sempre na sexta-feira posterior ao feriado de Ação de Graças, que ocorre no fim de novembro. Apesar disso, ainda há algumas dúvidas em relação a quando de fato começou a ação promocional Black Friday no país, mas o termo foi oficialmente adotado na década de 1990.

O que começou como um grande sucesso em um único país, em pouco tempo alastrou-se para todo o globo. Atualmente, podemos encontrá-la em quase todo o comércio mundial, sendo um dos períodos mais lucrativos para as empresas, principalmente varejistas, tanto online quanto nas lojas físicas.

Basicamente, a Black Friday define-se por uma data em que diversas lojas, independente do tamanho e até mesmo do segmento, oferecem produtos com descontos que podem chegar até a 80% do valor original, atuando como a porta de entrada para a época em que se concentram os maiores lucros do ano inteiro – da Black Friday, no fim de novembro, até o Natal.

Não à toa, com esses elevados descontos, podemos observar cenas de tumultos e aglomerações em diversas lojas de varejo e até mesmo supermercados, com pessoas dormindo na frente dos portões para entrar primeiro, brigando por produtos que estavam prestes a se esgotar, além de um consumo desenfreado.

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Black Friday e o cenário brasileiro

O sucesso da Black Friday foi tanto que, com o passar dos anos, cada vez mais países começaram a adotá-la como uma data sazonal, marcando presença anualmente no calendário. Do Uruguai ao Canadá, de Portugal à Noruega, da Austrália à Nova Zelândia.

Por fim, as repercussões da sexta-feira mais famosa do planeta também chegaram ao Brasil, sendo trazida em 2010 por mim inicialmente ao mercado digital. Conheci a ação nos Estados Unidos como uma importante data comercial, mas também de entretenimento, e acreditei que este espírito de compra funcionaria também para o público brasileiro.

Como hoje sabemos, essa visão mostrou-se verdadeira. Os impactos da Black Friday crescem a cada ano, tornando-se uma das principais datas de ações promocionais no mercado brasileiro, com um expressivo crescimento no setor varejista. O que começou lá em 2010, de maneira consideravelmente modesta, hoje já toma todos os cenários do país.

Impossível andar por aí sem saber quando a Black Friday está chegando. Mais do que isso, é improvável resistir aos inúmeros descontos e promoções. O que antes era apenas um dia – a sexta-feira – tornou-se o fim de semana e até mesmo a semana inteira de um alto consumo por parte dos usuários, e muitas vendas pelos varejistas.

Mesmo com críticas e até mesmo descréditos, a importância da Black Friday no Brasil vem crescendo cada vez mais, com números expressivos de superações em relação aos anos anteriores. Afinal, em menos de dez anos, passamos do faturamento de R$ 3 milhões para os mais de R$ 3,2 bilhões de reais apenas no ano de 2019.

Além disso, as edições são maiores não apenas em vendas, mas também no número de empresas e comércios que fazem parte da data. Enquanto em 2010, reuni pouco mais de 50 empresas, todas com vendas no mundo digital, que aceitaram fazer parte deste desafio – afinal, poucos ainda entendiam o que a Black Friday poderia representar para o seu faturamento.

Não podemos comparar os R$ 3 milhões arrecadados no primeiro ano aos bilhões que chegamos hoje, sem nem precisar se preocupar muito. Mas no começo, a história foi diferente, afinal, tudo era novo. Foi necessário que ocorresse todo um processo de amadurecimento, tanto do consumidor, entendendo o que era a Black Friday, quais os seus benefícios e objetivos, assim como por parte das lojas, pois deveriam se preparar melhor para essa data.

Mas como vimos acontecer, a ideia dessa ação promocional não demorou muito para se tornar um dia grandioso também em solo brasileiro. No ano seguinte à primeira edição no Brasil, em 2011, pode-se observar um aumento de mais de 88% nas vendas, alcançando a marca de um faturamento superior aos R$ 100 milhões.

O sucesso da Black Friday

Hoje, todo mundo espera inquietamente pela chegada dessa data, criando reservas e juntando dinheiro para conseguir comprar o que mais desejam – principalmente relacionado aos eletrônicos e eletrodomésticos, que de longe são as maiores vendas da Black Friday, com produtos que esgotam em questão de minutos.

Do lado das empresas, o anseio pela data é o mesmo. No final das contas, uma boa palavra para descrever a Black Friday é exatamente essa: ansiedade. As pessoas aguardam a data para poder comprar diferentes coisas, para si e para os outros, com ótimos descontos. Já os varejistas, esperam faturar sempre mais do que no ano anterior, desenvolvendo estratégias específicas para que isso aconteça.

Podemos atribuir o sucesso da Black Friday a diversos fatores. Obviamente, os altos descontos e diversas promoções com certeza fazem as pessoas se sentirem mais à vontade para consumirem mais.

Entretanto, podemos ir além: diferente de todas as outras datas sazonais em que o comércio possui altos faturamentos, essa é uma das únicas em que as pessoas têm o objetivo primário de comprarem coisas para elas mesmas, não necessariamente presenteando os outros, como normalmente ocorre nas demais datas. Com isso, conseguimos observar compras com o ticket médio mais elevado – e, portanto, as lojas devem estar preparadas para isso.

A nova Black Friday

No contexto em que estamos inseridos atualmente, dentro de uma pandemia global, em que muitas pessoas ainda se encontram em isolamento social e receosas em sair de casa, qual é o cenário que os varejistas devem esperar? Não apenas isso, mas também ao analisar o cenário macro da economia e o desenvolvimento de uma crise financeira, muitos poderiam dizer que este é o fim da Black Friday.

Mas será que podemos encarar isso como o fim? Ou apenas um novo começo? A Black Friday como a conhecíamos, de filas quilométricas, pessoas dormindo desde a noite anterior do lado de fora das lojas e grandes aglomerações tiveram os seus dias contados. Além de grandes empresas já terem anunciado que as vendas presenciais não vão ocorrer como nos últimos anos por questões de segurança, muitos ainda se sentem inseguros até mesmo para ir ao mercado, imaginem em um shopping numa data como essa.

Entretanto, isso não significa o fim da maior ação promocional que o mundo vê anualmente, nem em solo brasileiro, onde os números relacionados à pandemia são piores. Isso apenas significa novos ares, uma nova Black Friday. Ou não tão nova assim, talvez um retorno às origens, quando consideramos que o grande sucesso da data esse ano vai ser exatamente como começou lá em 2010: com as vendas online.

Segundo o índice MCC-ENET (desenvolvido pelo Comitê de Métricas da camara-e.net), cerca de 95% das compras do varejo ocorrem nas lojas físicas. Entretanto, se elas estiverem fechadas e o desejo de consumir continua alto, talvez como nunca vimos até então, podemos imaginar que todas essas pessoas vão encarar no mercado digital a oportunidade de realizarem as suas compras com ótimos descontos.

Sendo assim, o que podemos esperar é que esse ano toda a disputa pelos melhores preços será online, e espera-se que as empresas estejam se preparando para isso, com servidores que aguentem o elevadíssimo número de usuários, um serviço de atendimento ao cliente eficiente e, principalmente, toda a logística envolvida em fretes que valem a pena para o consumidor final, além da competência no envio das compras.

Muitos ainda podem questionar a questão da crise e dos altos índices de desemprego e como a queda do poder aquisitivo pode influenciar nos números da Black Friday e, principalmente, em suas vendas. Entretanto, tem algo que devemos considerar: o grande sucesso dessa data está especialmente envolvido nos altos descontos e promoções.

Isso significa que a Black Friday tende a crescer em períodos de crise – exatamente porque as pessoas querem economizar nos produtos que precisam comprar, inclusive se preparando melhor para isso. Não à toa, podemos perceber uma retração do mercado no mês de outubro, uma vez que todos já estão esperando, ansiosos, pela sexta-feira mais famosa do ano e, principalmente, pelos seus descontos.

Mas para isso, as empresas devem estar preparadas: um dos grandes impactos da pandemia para os varejistas está sendo a questão do estoque. Pelas altas vendas que ocorreram no início da quarentena em diferentes segmentos, muitos acabaram não conseguindo se preparar, ou melhor, planejar os seus estoques para a Black Friday. Isso significa algo simples: aquelas lojas que tiverem os produtos mais procurados pelo público com certeza vão ter uma boa vantagem contra os seus concorrentes.

Os dois lados da moeda: quais são os pontos positivos e negativos da Black Friday?

As ações promocionais da Black Friday costumam ser um sucesso, principalmente para aqueles que conseguem comprar o que querem e precisam com os bons preços. Entretanto, algo que ficamos familiarizados desde o início da data, ao que muitos chamaram de “o jeitinho brasileiro da Black Friday” é em relação às fraudes e aos falsos descontos ou, como ficou popularmente conhecida, a metade do dobro.

Algumas empresas se aproveitaram da oportunidade de vender mais e enganaram os seus consumidores, com a estratégia de aumentar o preço do produto algumas semanas antes, para então quando colocasse o desconto, ele ainda estivesse próximo ao valor original.

Entretanto, além das pessoas estarem cada vez prestando mais atenção em relação a isso, também foram criados sites e aplicativos que escancaram essas farsas, dando mais segurança e proteção ao consumidor. Afinal, o grande objetivo dessa data é a troca: ser benéfica para os dois lados. Essas fraudes que ocorrem com certeza não fazem parte do espírito da Black Friday.

Principalmente porque, como pudemos observar nos últimos anos e, algo que as empresas com certeza também perceberam, é que a Black Friday é a porta de entrada para que vários consumidores cheguem até o seu negócio. Com os investimentos em Marketing Digital, o alcance é muito maior do que era há alguns anos, atraindo diferentes pessoas, primeiramente pelos descontos, mas então a sua fidelização ocorre pelo compromisso da marca, a sua responsabilidade e os bons serviços oferecidos.

Isso significa que não há mais espaço para fraudes, já que isso pode causar uma grande mancha na imagem da marca, influenciando diretamente na maneira que as pessoas a enxergam e até mesmo consomem.

Pelo contrário: os varejistas que souberem aproveitar bem a data, com um bom planejamento e investimento em estratégias criativas, além da óbvia preocupação com a sua imagem e a experiência do usuário, não apenas terão um bom retorno financeiro durante este único dia, mas também vão acabar gerando cada vez mais valor para a marca, chegando a mais pessoas e crescendo cada vez mais.

Afinal, esse é o espírito da Black Friday: não apenas uma data comercial, mas também um entretenimento, um momento para ser prazeroso, com experiências positivas em relação não apenas aos descontos e às compras, mas principalmente às marcas.

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Referências bibliográficas:
GUERRA, Alberto. Black Friday no Brasil: conheça e se prepare para a ação comercial que mais cresce no país. São Paulo: Labrador, 2019.

GUERRA, Alberto & FOUTO, Nuno. Black Friday e Natal: o que pensam os consumidores brasileiros sobre as compras de final de ano. 13º Congresso Latino-Americano de Varejo e Consumo: “After COVID-19: Building Purpose through Stakeholders in Retailing” (2019). Último acesso: out. 2020.

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